Qualquer pessoa com acesso à internet e um pouco de interesse (ou mesmo curiosidade) sobre como consumir menos e melhor, acaba por descobrir aspectos bem negativos da realidade da indústria da moda. The true cost é definitivamente o tipo de conteúdo que você assiste e consegue visualizar de forma mais ampla a dimensão do problema. É a peça-chave para completar o seu repertório de informações sobre o tema.

A abordagem forte é, ao mesmo tempo, delicada e complexa, porque são relatos que merecem e precisam da sua atenção. Pensando nisso, a Insider reuniu alguns pontos para você entender melhor. É hora de conferir!

O outro lado da indústria da moda retratado em The True Cost

O documentário The True Cost é dirigido por Andrew Morgan. Em português, pode ser traduzido como O Verdadeiro Custo, e logo fica bem claro do que se trata. Suas filmagens acontecem em várias partes do mundo. O foco do documentário é demonstrar as principais modificações negativas que aconteceram no universo da moda nos últimos anos, graças à predominância cada vez maior do modelo de produção fast fashion.

Fast Fashion é uma ideia que surgiu como consequência de mudanças no comportamento de consumo das pessoas. Elas queriam peças de forma cada vez mais rápida e barata, ao mesmo tempo em que acompanhavam as tendências lançadas pelas grandes marcas. 

Tudo isso representa um aumento na produção de peças que serão descartadas em pouco tempo – já que esse modelo acompanha tendências passageiras – gerando uma quantidade enorme de resíduos têxteis, aumento da emissão de carbono, uso excessivo e sem preocupação com sustentabilidade de recursos naturais, entre outros impactos negativos diretamente ligados à indústria da moda e ao consumismo. 

Considerando esse cenário, falar sobre roupas em uma abordagem realista é, necessariamente, falar sobre quais tipos estão sendo usados e o que tem por trás de cada uma das peças, seja em termos de exploração de mão de obra humana ou de recursos naturais. A pergunta que passa a ficar em evidência é: quem realmente paga o preço?

Roupas cada vez mais baratas: o verdadeiro custo da deflação na moda

The true cost - fast fashion

Na economia, deflação é um fenômeno oposto à inflação: os preços de produtos caem de forma geral em um período de tempo. Isso tem sido observado por estudiosos da moda. Hoje, é possível encontrar peças de roupas por valores consideravelmente baixos. Várias lojas de departamento se popularizaram vendendo peças que acompanham tendências de moda, por preços bem baixos.

Mas e quanto aos custos de produção? Na realidade, estes subiram. Como, então, essas empresas mantêm os preços cada vez mais baixos e conseguem tanto lucro?

No filme O Verdadeiro Custo, esse fenômeno de queda dos preços das peças de roupas ganham uma abordagem que chama a atenção: é resultado de uma produção globalizada que, na prática, transferiu certas etapas da cadeia produtiva para países onde esse custo é bem mais baixo. O pior disso tudo é que, para que esses locais tenham baixo custo, o que ocorre é o pagamento de salários assustadoramente baixos, precarização do local de trabalho, condições degradantes para os trabalhadores e práticas insustentáveis de extração de matéria-prima. É a precarização sem escolha que paga a conta do custo baixo das peças comuns que chegam até você.

É por isso que The True Cost ficou conhecido por marcar a exposição de uma indústria da moda que faz pessoas que vivem em países conhecidos como de 3º mundo pagarem o preço das peças baratas que serão vendidas em grandes quantidades, gerando lucros imensos. Segundo o E-commerce Brasil, no mundo todo, a indústria da moda é avaliada em 3 trilhões, sendo a segunda maior atividade econômica em nível mundial.

Sweatshops: o que tem por trás de peças comuns?

Em The True Cost existe a menção direta às sweatshops. Em tradução livre, são as “fábricas de suor”, porque é o nome dado aos locais onde pessoas (inclusive crianças) são exploradas, em condições arriscadas de trabalho, sem higiene, segurança e praticamente nenhum direito trabalhista. Os salários são baixíssimos e as jornadas longas. 

As grandes empresas de fast fashion tomaram uma narrativa oportunista de que essa globalização da produção é em prol da geração de empregos e movimentação da economia. Mas a que custo? 

Essa ideia de que é preciso criar condições degradantes e pagar salários injustos para obtenção de lucro nos negócios é refutada pela empresa People Tree, apresentada no documentário. Lá, se preza pelo que é chamado de moda justa. 

Segundo The True Cost, dos 40 milhões de trabalhadores da indústria da moda, 4 milhões estão em Bangladesh. Na capital Daca, em abril de 2013, o edifício Rana Plaza, que abrigava fábricas independentes, desabou. Lá, eram fabricados produtos para marcas como Zara, Carrefour, H&M e  Walmart. Os trabalhadores avisaram sobre o risco de desabamento, mas foram forçados a entrar e trabalhar, e o resultado foi a morte de 1.134 pessoas e  2.500 feridos.

Essas pessoas foram submetidas a trabalhar em condições degradantes para baratear peças, o que significa que esse preço baixo é às custas da vida, segurança, integridade física e do meio ambiente.. 

Com toda a exposição que o documentário traz, fica bem evidente que a moda tem impactos ambientais e sociais. O interesse de grandes empresas é somado ao comportamento de consumo insustentável de alguns consumidores e tem como resultado a terceirização da produção para países em desenvolvimento. 

Prova disso é que, segundo o próprio documentário, na década de 60, cerca de 95% das roupas em circulação nos Estados Unidos eram de produção local. Atualmente, esse número cai para 3%. Já em Dongguan, na China, são fabricadas 1 em cada 6 t-shirts que são usadas nos EUA.  

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Consumir deve ser um ato responsável | 5 ações com Insider Store

Mudanças no comportamento dos consumidores podem representar um impacto significativo em todo esse cenário. Isso porque essas peças são fabricadas para uma demanda imensa, fomentada por alguns consumidores que não param para repensar em situações como as que são mostradas em The True Cost. 

Por fim, para finalizar – The True Cost: onde assistir? o documentário está disponível no youtube, com legendas em português, e no site oficial.

Existem alternativas para frear o consumo de moda rápida. São pequenos hábitos que, quando repensados, podem significar uma melhora importantíssima. Confira algumas:

1. Repassar as roupas que você já tem e que, por algum motivo, não servem mais. Ao mesmo tempo, tentar consumir peças “de segunda mão” que estão em boas condições de uso!

2. Pesquisar e conhecer mais sobre as marcas que consome. Quais são os valores e processos produtivos que optam em seus produtos? 

3. Priorizar marcas locais 

4. Ao invés de se prender a tendências passageiras, a alternativa é buscar por roupas atemporais e duráveis, que vão representar um benefício ecológico e financeiro.

5. Abandonar o poder de compra ilusório que a moda rápida traz e sair do ciclo vicioso de consumo: escolha produtos sustentáveis e com preço justo

Essas são algumas ações mapeadas que, se acatadas em massa, significam uma mudança que com certeza impacta no modo como a indústria da moda funciona hoje. A Insider tem como principais valores a sustentabilidade, inovação, tecnologia e funcionalidade. É por isso que os processos produtivos contam com o uso de matérias primas sustentáveis provenientes de madeira de reflorestamento, com produção 100% nacional (em fábricas auditadas localizadas em São Paulo e Minas Gerais). A emissão de CO2 é reduzida, assim como o consumo de água. A reciclagem e a confecção de produtos biodegradáveis também é prioridade.

Confira o portfólio da Insider e as categorias de produtos que além de sustentáveis, facilitam o seu dia a dia com tecnologias como regulação térmica, proteção solar UV50+ e ação anti suor e odor.