“Entre o certo e o errado existe um campo. É lá que quero me encontrar com você” Rumi (poeta persa do século VIII).
Comunicação não violenta é uma forma de se comunicar, que tem como premissa escuta ativa, empática e expressão honesta, visando uma conexão profunda com o interlocutor. Essa técnica ganhou notoriedade com o Marshall Rosenberg em seu livro “Comunicação Não Violenta”, lançado no Brasil em 2006.
A abordagem da CNV é benéfica tanto para diálogos internos quanto nas relações entre famílias, ambientes corporativos e também entre nações, sendo utilizada em mais de 60 países para auxiliar na resolução de conflitos e guerras.
Um dos pontos centrais da CNV é não rotular um mocinho e um vilão, e sim entender qual a necessidade que levou a pessoa a escolher determinada narrativa. Dessa maneira, pontes são criadas e laços são estabelecidos. Para Marshall Rosenberg, a comunicação não violenta é “um modo de ser, de pensar e de viver”.
Razão ou Conexão?
Nos últimos anos, vimos no Brasil e no mundo uma polarização em vários campos da vida. Os debates se acirraram e a comunicação violenta e agressiva tomou os espaços. Muitas vezes as pessoas entram em um debate para “lacrar”, sem nenhuma disposição a ouvir o interlocutor de forma ativa, criando assim uma conexão. Querendo apenas julgá-lo e desqualificar seus argumentos, mas se fizer uma reflexão sobre suas próprias atitudes, respeitar a opinião do outro e colocar a comunicação não violenta em prática, é possível estabelecer conexões e pontes.
Marshall Rosenberg dizia que “toda violência é a expressão trágica de alguma necessidade não atendida”. Quando estamos conscientes das necessidades que precisamos atender, somos mais propensos a estabelecer conexões. O ganha ganha será sempre muito mais enriquecedor, para todos, que o ganha perde ou ainda o perde perde. “A base da violência é estar sofrendo e não saber como dizer isso com clareza. Com a CNV, queremos interromper esse ciclo”.
Elementos da escuta empática
O primeiro passo para uma comunicação não violenta é ter uma escuta empática. E esses elementos fazem parte desse processo:
- Esteja atento a outra pessoa;
- Identifique necessidades e sentimentos;
- Saia do zona binária de concordo ou discordo;
- Cheque se realmente entendeu o que está sendo conversado.
Por outro lado, evite:
- Aconselhar
- Analisar o outro
- Diminuir o problema ou situação
- Trazer o foco para você
“Se uso a comunicação não violenta para libertar as pessoas de depressão, de conviverem melhor com suas famílias, mas simultaneamente não lhes ensino como rapidamente transformar os sistemas sociais no mundo, então me torno parte do problema. Essencialmente estarei as pacificando, fazendo-lhes mais felizes de viver nos sistemas como atualmente são, e assim utilizando a CNV como um narcótico.”
Para Marshall, a CNV é uma ferramenta de conscientização dos problemas que enfrentaremos, nos capacitando para resolver os desafios de forma pacífica. Se existe um problema foque em sua resolução, não em achar um culpado. Foi isso que Marshall fez na Cisjordânia, quando mediou o conflito entre Israel e Palestina.
Se você se interessou pelo assunto não deixe também de conhecer a publicação “Derrubando muros e construindo pontes”, realizada pelo Instituto Avon e o site Papo de Homem. Nele você encontra uma pesquisa com mais de 9 mil mulheres e homens para entender quais são os maiores obstáculos de conversar com quem pensa muito diferente de nós.